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A 16 de Novembro de 1980, o mundo estremeceu: Louis Althusser, o célebre filósofo marxista, o mestre incontestado de toda uma geração de intelectuais e activistas políticos, estrangulara a sua mulher, Hélène. Não houve processo, nem condenação: considerado inimputável, encerrado num hospício psiquiátrico, abateu-se sobre ele uma pesada cortina de silêncio. Entretanto, com a crise do marxismo, os seus livros, que tinham sido verdadeiros breviários, transformaram-se em peças de museu. Quando Althusser morreu, em Outubro de 1990, já há muito tinha morrido na memória das gentes e do tempo.Só que então se descobre que, durante esses dez anos, Althusser não cessara de reflectir, de pensar, de escrever. E que no meio do seu espírito, dactilografado por ele, pronto para publicação, havia um documento trágico e extraordinário em que o filósofo, como que respondendo no processo que não teve, explicava o seu crime e mergulhava nas raízes mais fundas da sua demência: este O Futuro é Muito Tempo.É esta extraordinária e dramática confissão de Althusser – a que se junta na presente edição um outro esboço autobiográfico inédito, Os Factos, redigido em 1976, que as Edições ASA se orgulham de apresentar ao leitor português.
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