Este livro tem como objectivo explorar as ambiguidades que marcaram as relações entre Estado-Igreja no império colonial português, durante a I República. Este relacionamento tem sido visto essencialmente numa perspectiva metropolitana, deixando de lado a complexidade do mundo imperial e das dinâmicas que o caracterizavam. Não obstante a política missionária elaborada pelos republicanos na metrópole, a sua execução na realidade imperial deparou-se com diversos obstáculos, nomeadamente a pressão diplomática internacional, a intervenção de outros Estados, a presença de missionários protestantes e a actuação da Santa Sé. A relação Estado-Igreja no império português não foi feita apenas de confronto e oposição, tendo-se definido pela busca de um equilíbrio onde um e outro pudessem alcançar os seus propósitos. A República teve de dar continuidade a atitudes e opções definidas durante a Monarquia Constitucional, secundarizando de certo modo posições mais ideológicas, porque o cenário internacional não mudou a 5 de Outubro de 1910 e o palco onde os governos monárquicos haviam actuado mantinha-se no essencial o mesmo para os republicanos.
A compreensão da questão religiosa no império implica factores imperiais e transnacionais, impondo a análise num âmbito alargado e incluindo o império português na história dos impérios contemporâneos, pois a "missão", enquanto fenómeno histórico, inscreve-se num processo global. Neste livro abordam-se as diferentes discussões em torno da "missão" e da sua utilidade para a estratégia imperial do Estado português em África durante a I República, sublinhando temas como o Direito internacional das missões, a diplomacia missionária, a legislação republicana e a controversa presença das congregações religiosas católicas e das sociedades missionárias protestantes, através de acontecimentos determinantes na história das missões e dos impérios.
PREFÁCIO DE D. Manuel Clemente
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