Marco Túlio Cícero - Textos filosóficos II. Diálogos em Túsculo

35,00€
Marco Túlio Cícero - Textos filosóficos II. Diálogos em Túsculo

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No tratado De diuinatione, redigido antes dos Idos de Março de 44 a.C., Cícero expõe a arquitetura a que obedece o seu projeto de dotar a literatura latina de um corpus de textos de natureza filosófica, género «literário» até então não representado em Roma por obras de real valor.

Diálogos em Túsculo (Tusculanae Disputationes), em cinco livros, versa certas questões de natureza ética. Há uma saliente afinidade com De finibus bonorum et malorum (As últimas fronteiras do bem e do mal): enquanto esta define a essência do sumo bem para o homem (segundo as diversas escolas filosóficas) do ponto de vista teórico, as T.D. analisam a mesma questão – quais as condições necessárias e suficientes para que o homem alcance esse bem supremo, ou, quais as condições que permitem a «vida feliz», a felicidade –, mas vistas agora do ponto de vista prático, e analisadas de uma forma «negativa», ou seja, não tanto as condições positivas necessárias, mas antes as condições cuja presença torna impossível a obtenção da felicidade.

No plano global dos seus textos filosóficos, Cícero atribui um lugar ao mesmo tempo importante e peculiar às T.D., as quais, na qualidade de texto de filosofia prática formam, por assim dizer, uma ponte entre dois conjuntos de textos teóricos e subordinados a uma temática de ordem geralenquanto as T.D. analisam diversos problemas pontuais, conquanto todos integrados no tema geral da «felicidade».

Os cinco diálogos que formam as T.D. analisam os diversos factores impeditivos da vita beata, da felicidade: I- ordem metafísica: a finitude do homem; II- ordem psicológica e física: a possibilidade da dor; III e IV- ordem psicológica: as perturbações mentais; V- ordem ética: a relacionação entre a virtude e a felicidade.

O modelo de diálogo é o «modelo aristotélico», que se caracteriza por abandonar o método dialéctico de Sócrates (e Platão) e conceder a supremacia ao discurso extenso a cargo de uma figura dominante, conforme Cícero observa numa das cartas a Ático: «Nos meus últimos textos tenho seguido o modelo aristotélico, segundo o qual as falas dos outros interlocutores não impedem que seja eu o protagonista».

(Da introdução de J. A. Segurado e Campos)

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