Maria Teresa Horta - Educação sentimental

São 115 poemas, alguns escritos no tribunal, durante as infindáveis audiências do processo das «Novas Cartas Portuguesas». O primeiro, «Educação Sentimental», dá o título ao livro, com que Maria Teresa Horta responde, no feminino, a Gustave Flaubert. Foi a mais atribulada das quatro dezenas de edições de obras da escritora. Tudo partiu do aviso do advogado Luís Francisco Rebelo, de que Teresa deveria retirar de sua casa todos os originais escritos, por correrem o risco de serem apreendidos numa busca da PJ. Precipitadamente levados para casa da sogra, foram objecto de cópias a papel químico, já que o fascismo proibia o acesso a máquinas fotocopiadoras. Uma dessas cópias, incluindo novos poemas, foi posteriormente entregue a Carlos Silva, da «Editorial Futura», que já preparava a 2ª. edição de «Novas Cartas Portuguesas», após a absolvição das autoras em Maio de 1974. Com toda a agitação que se seguiu ao 25 de Abril, designadamente a sua acção feminista no Movimento de Libertação das Mulheres, Maria Teresa Horta nunca chegou a organizar e a rever os poemas. Entretanto, Carlos Silva deixa a Editorial Futura, já depois da publicação do livro das Três Marias. E num dia de Fevereiro de 1976, a poetisa é surpreendida por um telefonema do amigo e também poeta Armando da Silva Carvalho, a falar do novo livro de Teresa que comprara numa livraria da Avenida de Roma. A autora corre a adquirir o volume, editado sob uma desconhecida e imprevista chancela, «A Comuna», dando então conta de que ele incluía poemas que em princípio nem lhe eram destinados. Além disso, eram visíveis os efeitos da falta de uma revisão cuidada. Procura contactar Carlos Silva, mas vem a saber que ele entretanto abandonara o país e se fixara no Canadá.
Toda esta história não ilude, porém, o essencial: o talento de Maria Teresa Horta, que torna «Educação Sentimental», no dizer de numerosas estudiosas, um marco fundamental na poesia feminina. A obra está incluída na antologia «Poesia Reunida» (Dom Quixote/Leya), págs. 351 a 445.

1ª edição.