Muito do que se encontra escrito nesta obra fundamental revela, na verdade, a coragem de romper com algumas tradições científicas que se contavam entre as mais enraizadas. Se Copérnico não eliminou todas as ideias feitas e erradas que pautavam a Astronomia do século XV, reduziu consideravelmente o seu número, e rasgou irreversivelmente o caminho para a nova Astronomia do sistema solar, tal como hoje a concebemos. […]
No sistema de Ptolomeu a Terra ocupava o centro do Universo, e o Sol era incluído entre os planetas. Em De Revolutionibus, o Sol passou a assumir uma posição central (embora o centro do Mundo lhe fosse excêntrico), e em torno dele gravitavam todos os planetas do sistema, Terra incluída. É um passo importante, cujo alcance hoje dificilmente damos conta; mas um dos maiores especialistas da obra coperniciana afirmaria que, deste modo, Copérnico não só «planetizou» a Terra, como «desplanetizou» o Sol, duas condições indispensáveis para se chegar a uma explicação racional dos movimentos celestes.
Por um lado, o Astrónomo polaco considerou à parte, como aliás já tinham feito todos os seguidores de Ptolomeu, o estudo do movimento da Lua; não pôde resolvê-lo de modo definitivo, mas é certo que contribuiu para a solução que ele teve post-Newton, ao colocar o satélite da Terra no lugar que lhe competia, isolando-o completamente dos outros planetas, em relação aos quais tinha efectivamente um comportamento diferente.
Além disso, ao considerar a revolução de todos os planetas (excepto a Lua, como é claro) em redor do Sol, com movimento próprio, facilitou imediatamente um intrigante fenómeno observado tanto em Mercúrio como em Vénus, […] descrevendo, um e outro, órbitas interiores à órbita da Terra.
(Da Introdução de Luís de Albuquerque)
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