Pelo estilo se vê o autor. Estamos em presença de um homem bem vivo, bem concreto, bem ele próprio, apaixonado. O que tem por exemplo, S. Tomás de Aquino, de impessoal, diria de olímpico, desapaixonado, só cérebro, em que o eu nunca aparece porque só a verdade interessa – tem Santo Agostinho de paixão, de si próprio, em que a verdade é esta verdade, a real, a que nos toca.
Mas no De Civitate Dei o estilo não é tudo nem mesma o que mais importa. Embora o Autor se proponha a fazer aquilo a que hoje chamamos uma filosofia da História (prefiro chamar-lhe antes uma teologia da História), não se limita a ser um amante da sabedoria, um filósofo, mas tem sempre presentes as suas preocupações pastorais, nunca se esquecendo do seu «oficio» de bispo. Por isso, a propósito de filosofia ou teologia da História e por imperativo pastoral, trata na obra dos mais variados e complexos assuntos, daqueles assuntos sempre tratados e sempre retomados porque sempre apaixonaram e torturam o espírito do homem: da origem e substancialidade do bem e do mal; do pecado, da culpa e da morte; do direito, das leis e das penas; do tempo e do espaço; da contingência e da necessidade; da Providência, da ação humana e do fatum no desenvolvimento da História; do ser, do conhecer e do agir; do homem, de Deus, da natureza e do espírito; da temporalidade, do eterno, da perenidade e dos ciclos cósmicos; da profecia e do mistério como argumento apologético; da pessoa; da cidade e da comunidade humana.
(Do prefácio de J. Dias Pereira)
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