A obra de José Rodrigues Miguéis configura-se predominantemente ao nível da ficção narrativa e da crónica-ensaio. Coletânea do presencismo e do neorrealismo, é relativamente independente do cânone rígido daqueles movimentos, situando-se numa zona de interseção entre ambos, gerando sínteses originais. Leitor atento de Camilo e de Eça, revela-se mestre da ironia e do humor, problematizando as contradições sociais, analisando o sujeito individualmente considerado, não raro em situação limite de amargura e de perda, mas também em busca de identidade, oscilando entre o regresso como forma de esperança e a fuga como expressão de desistência, a que não é alheia a herança brandoniana: «As crónicas da República (tudo ali me lembrava Raul Brandão, que por lá passara) eram talhadas em pleno material do mestre da Farsa. A sua sensibilidade luarenta e espectral coincidia visceralmente com o meu modo de ser.» (in «Nota do Autor» à 2ª ed. de Páscoa Feliz, 1958, p.183). A produção genericamente considerada crónica foi reunida em três vols.: É Proibido Apontar – Reflexões de um Burguês I (1964), O Espelho Poliédrico (1973), As Harmonias do Canelão – Reflexões de um Burguês II (1974).
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