Lawrence Durrell - Quinx ou a história do estripador

6,75€

Lawrence Durrell - Quinx ou a história do estripador

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«"Quinx", o último dos romances de "O Quinteto de Avinhão", é o remate onde confluem todas as veredas deixadas em aberto nas obras anteriores. Algumas das personagens definem-se, explicam-se, como acontece com a dupla Blanford-Sutcliffe (porque não há-de a personagem criada na mente do autor possuir uma vida independente do seu criador?), de certo modo reminiscente da relação Durrell-Miller. Teria este último, tal como o vê Durrell, existido realmente fora da sua imaginação? E não vivemos todos nós um pouco na imaginação dos outros, uma existência susceptível de transcender a nossa própria extinção física?
Outras personagens que se supunham esquecidas, renascem. É o caso da Sabina da aventura veneziana de Sutcliffe em "Monsieur", agora completamente integrada numa tribo de ciganos; do general alemão cego que aguarda numa clínica de Nîmes julgamento por crimes de guerra, de Hilary, o irmão e amante da Lívia de quem Smirgel, o agente duplo, revela o destino trágico.
Durrell tem neste romance algumas das suas melhores páginas quando descreve a peregrinação anual dos ciganos ao santuário de Santa Sara, em Saintes-Marie-de-la-Mer e a concentração das tribos no momento em que Lord Galen, o príncipe e outros associados se preparam para penetrar na caverna onde está depositado o cobiçado tesouro dos Templários.
Mas acima de tudo o mais, "Qunix", é uma angustiada meditação sobre a morte, cuja proximidade Durrell, com os seus 75 anos, não pode deixar de reconhecer. Neste livro, que é também uma espécie de retrato do autor visto através das personagens, Durrell não consegue ocultar a perplexidade perante o fim de um homem que conheceu inúmeras experiências sem nunca conseguir objectivá-las e encontrar-lhes a explicação unificadora, e das suas meditações pessimistas infere-se 'a contrario sensu' que as filosofias do acidente e a recusa de qualquer gnoseologia sistemática conduzem ao desespero.
Das personagens repescadas nos anteriores romances destaca-se a "cigana" Sabina, cuja interpretação do facto de casa adivinho ler na mesma mão destinos diferentes sintetiza de certo modo a filosofia do autor: todos nós temos virtualmente muitos destinos fáceis de prever; o difícil é saber qual deles nos caberá.
É esta, afinal, a ideia-mestra subjacente a todos os romances de Durrell. E o "Quinx" é afinal o testamento aramdilhado, de um autor para quem a vida não passa de um objecto estético liberto do tempo (que lhes apresenta, por fim, a sua factura) e onde as únicas crises profundas são as da sensibilidade plástica e estética. [Daniel Gonçalves]»

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Estado do Produto Bom estado. Picos de acidez no exterior de algumas páginas.

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