Almeida Faria - Rumor branco

30,00€
Almeida Faria - Rumor branco

Almeida Faria - Rumor branco

30,00€


Mais «romance novo» do que nouveau roman, Rumor Branco é uma representação do mundo português de 1962 enquanto náusea. E no entanto, a polémica que à época identificou Almeida Faria como delfim do «existencialismo» (em resposta ao astuto prefácio de Vergílio Ferreira), agitou o vão fantasma das «angústias metafísicas» onde havia, na verdade, um novíssimo e torturado realismo, uma denúncia de um quotidiano opressivo, repugnante. Mas é a linguagem, antes de mais, que se revolta: a fragmentação, a pontuação escassa, a sintaxe ousada, uma partitura dissonante e ofegante de provérbios, palavras de ordem, neologismos, clichés. Uma música pós-musical, como a de Stockhausen, a que o título alude. Na década mais moderna do romance português, o jovem escritor de dezanove anos recusava uma ficção didática, previsível e de fundo otimista. Eduardo Lourenço chamou-lhe uma «literatura desenvolta», que vale tanto pelo que consegue como por aquilo que recusa. Nem gratuito nem ensimesmado, Rumor Branco desmultiplica-se em perspetivas agudas, do melodrama lisboeta à boémia parisiense, passando pela militância política ativa e pelo proverbial enfado dos burgueses cultos; no essencial, a sua visão é feérica, espectral, e em várias passagens o fio narrativo cede lugar a digressões poéticas soturnas. Portugal como assombração, como assombro. E uma literatura nova nos escombros de um mundo antigo.

1ª edição 1962

+
-
Apenas 1 unidades restantes deste produto
Estado do Produto Usado e bem conservado. Sinais de uso e oxidação na capa, lombada e contracapa. Amarelados no interior e exterior das páginas.

Pode também estar interessado em